Antes de mais nada, essa é uma história em primeira pessoa, onde a vida privada como conteúdo midiático oferece a você, leitor, o deleite de estar próximo deste homem (por muitos incompreendido) a assinar o presente texto e de como estou acostumado a viver no corpo e na alma histórias tristes.
Peço licença para penetrar no seu
silêncio de leitura, nestas linhas quero lhe contar uma de minhas histórias de
concurseiro e de como perdi a segunda prova do concurso para a vaga de técnico
judiciário. Foi falta de confiança?
Era manhã, dia decisivo, a segunda prova
do concurso de técnico judiciário aconteceria. Pulei cedo da cama e como é de
meu hábito, passei a revisar as minhas notas de orientações de estudo. Não leve
a mal! Relaxar?
Não! Sou um daqueles a levar materiais
referentes à prova de seleção e focar até os últimos segundos, no estudo de
temas retirados de artigos científicos, dissertações, trabalhos de conclusão de
curso e teses. Todos garimpados em bibliotecas digitais de universidades públicas,
gratuitas e de qualidade e é claro, cada um ao meu critério, avaliado com algum
nexo direto causal com as matérias cobradas no edital do concurso, onde me
fazia como inscrito.
Tudo andava dentro de minhas
expectativas, a maior delas era conseguir o dinheiro da passagem do transporte
coletivo Araçatuba com minha mãe. Há época, a soma girava em torno de R$ 2,50 e
lá estava à espera de minha mãe acordar.
O tempo foi passando, passando e quando
a porta do quarto abriu, logo fui pedir os ditos R$ 2,50, deixo claro para você
leitor, a senhora Maria Alice, odeia conversar depois de levantar de seu sono
para a sua nova jornada de trabalho.
Para a minha surpresa, depois de pedir a
vultosa soma de R$ 2,50 do coletivo. Ela, logo de início, queria saber onde eu
iria. De pronto, ponderei, vou fazer a segunda prova do concurso de técnico
judiciário.
Estávamos na sala e o grito ecoou com a
sua negativa em prover os R$2,50 do transporte urbano, pois, entre o seu grito
saltava de sua boca de lábios finos, a argumentação de que eu estava mentindo.
Como lidar com isso? Tentei argumentar,
mostrar o cartão de convocação para a prova, porém, nada mudava o pensamento de
Maria Alice e depois de exaltar-se devido a pena de eu estar mentindo. Ela
ameaçou-me com o habitual argumento de prover a minha internação compulsória em
um hospital psiquiátrico.
Restava pouco tempo para conseguir
adentrar no transporte urbano Araçatuba, desta maneira, a minha tábua de
salvação era pedir o dinheiro emprestado ao vizinho. Bati palmas no portão do
tratorista Noel.
Expliquei para o meu vizinho (ná época
era Noel) a necessidade de ir até o Centro Universitário Toledo de Araçatuba
realizar a segunda prova do concurso de técnico judiciário. Ele, ao saber o
horário do portão fechar, ficou preocupado e se dispôs às pressas em me levar
no seu veículo.
Logo nos altos da Avenida Odorindo
Perenha, a janela da caminhonete estava aberta, não sei como o meu RG voou pela
janela. Ele se prontificou em pegar para mim, dizendo ser perigoso descer do
carro. Perigoso?
Pensei, desci. Eis então, um jovem, me
surpreendeu e me golpeou na cabeça com um pedaço de madeira. Acabei sendo
levado para casa pelo meu vizinho Noel e de tanta raiva, não realizei a
confecção de um boletim de ocorrência do fato decorrido. Até hoje, não sei a
motivação daquele jovem.
Faltou Confiança? Sim! Faltou a
confiança da minha mãe e a minha em realizar o boletim de ocorrência.
Eric Costa e Silva, escritor, membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras
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