sábado, 25 de setembro de 2021

Obrigada, Paulo Freire - Fernanda Colli*


Infelizmente o que vemos atualmente são discursos vagos e muitas vezes de ódio, criticando os pilares que regem o que somos, como cultura e principalmente a educação. Pilar que há anos está se rompendo, às vezes ameaça a sucumbir, outra hora pende para um lado e para o outro, mas ele está lá. E resiste. Para nós, professores,  nos falta apoio, nos falta tanta coisa, mas em meios a tantas faltas, nos embasamos na coragem de quem existiu e lutou bravamente deixando seu legado. 

Ser um dos maiores filósofos do mundo apenas nos enche de orgulho e sim, isso é ser patriota, quando nos orgulhamos de referências de nosso país. 

Paulo Freire deixou como legado um discurso de amor, de diálogo e principalmente do protagonismo discente. Protagonismo esse que muitas vezes é distorcido, atacado, confundido e tristemente confrontado. Mas a democracia permite que isso ocorra, pois só e somente através de debates é possível um posicionamento plausível sobre tudo o que acontece. 

Para quem acha que atacar Paulo Freire fere sua história, na verdade só acaba reafirmando-a, considerando que em sua trajetória de luta sempre defendeu a diversidade, inclusive de ideias.

Gostaria de deixar minha gratidão pela sua vida, pela sua dedicação e pelo seu empenho. Acho que também agradeço um pouco pela sua fé. 

Porque inconscientemente seu método tem despertado a consciência e criticidade de todos, oportunizando a voz do oprimido para reflexão do opressor, instigar a participação política da sociedade da sua própria política, criar cidadãos de bem e não apenas de bens. 

Obrigada por honrar e defender o nosso lugar de trabalho, como um lugar de ensino e aprendizagem, um lugar em que a convivência permita estar continuamente se superando, porque a escola é o espaço privilegiado para pensar. 

Atualmente encontramos tantos filósofos e especialistas em crise humanitária que desenvolvem receitas, métodos, metodologias e se esquecem de que a causa de tudo isso é  a falta de consciência. E mais uma vez recaio na palavra falta...

Nos falta tantas coisas que hoje, quando lembramos de Paulo Freire, sua importância para o desenvolvimento da educação, sua metodologia de alfabetização de adultos, sim, porque antes de seu legado nada se fazia para reverter o analfabetismo, e temos agora nossas universidades tomadas por freireanos. 

Falta muita coisa ainda, consciência de classe, empatia, respeito. Mas Paulo Freire nos encoraja quando ele fala para não perdermos a esperança, mas a esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. 

E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, juntar-se com outros para fazer de outo modo. 

Que não nos falte esperança de esperançar, nem nos falte nunca a fé. 

Porque a nossa maior arma é a educação. 

Obrigada, Paulo Freire, por nos fazer levantar e acreditar. 



*Fernanda Colli é escritora, agente
da cultura caipira e membro do 
Grupo Experimental da Academia
Araçatubense de Letras (AAL)


Nenhum comentário:

Postar um comentário